Você já ouviu falar em teranga? Eu também não, até ontem.

Ontem, participei de um encontro online chamado Coffee from Kigali, organizado pela SIETAR Europa. Entrei mais por curiosidade do que por qualquer outra coisa. Mas bastaram alguns minutos para perceber que estava num espaço especial — daqueles em que a conversa vai além do tema, e vira troca de verdade. E saí de lá com algo que não esperava: uma palavra que não sai da minha cabeça.

Teranga.

Uma palavra senegalesa que é difícil de traduzir com exatidão. Porque não é só sobre hospitalidade. É sobre como se recebe alguém com intenção, com cuidado, com presença. É fazer com que o outro se sinta em casa, mesmo longe dela.

Fiquei pensando nisso por um bom tempo. Porque, como brasileira, as culturas africanas nunca me pareceram distantes. Elas estão aqui, na nossa música, na comida, na forma de estar junto. Sempre vi como uma extensão da minha. Como uma prima próxima, cheia de histórias e caminhos cruzados.

Nem todo aprendizado precisa vir de um grande evento. Às vezes, é só uma palavra que fica. E muda tudo.

Jessica Gabrielzyk

Jessica Gabrielzyk é uma autora brasileira que vive na Suíça e é apaixonada por cultura, identidade e pelas verdades silenciosas da vida no exterior. Autora de Maternidade no Exterior, um guia prático e emocional para apoiar mães durante os desafios da gravidez e do parto longe de casa, ela também prepara o lançamento de Parenting Unpacked: This Is Not a Relocation Manual, que mergulha em temas como identidade, pertencimento e resiliência ao criar filhos em outro país.

Membro da SIETAR, Jessica traz um olhar global para sua escrita, combinando experiências pessoais com relatos de famílias ao redor do mundo. E, de vez em quando, se aventura pela ficção, escrevendo histórias de amor e de vida que lembram que nunca estamos tão sozinhos quanto pensamos.

Next
Next

Mais um capítulo escrito com chá gelado, silêncio e saudade